Análise - 5ºcampeonato

Enfim terminou! Depois de quase seis meses de intensas disputas, corridas emocionantes em um campeonato com enormes variáveis, chega ao fim a 5ª edição do GP2Bras, que hoje é a marca registrada do que há de mais importante no Brasil para GP2 atualmente!

Sim... foram quase seis longos meses daquele que sem dúvida foi o maior campeonato de GP2 já realizado no Brasil. Sob a direção de Antônio Pessoa o GP2Bras fez história desde quando ainda carregava o nome de Campeonato Ranking de GP2. Nesta quinta edição pouca coisa mudou com relação ao 4º GP2Bras no que diz respeito à performance dos carros. Manteve-se a mesma configuração de potência, peso e grip do campeonato anterior e os circuitos também apresentaram uma aderência semelhante, salvo duas exceções, o circuito da Áustria que sempre foi um problema para os pilotos e Adelaide que fica no estranho slot 16 que normalmente traz algumas surpresas. A grande novidade do torneio foi as quatro corridas a mais, vinte no total, que levou o campeonato a se tornar até um pouco cansativo em seu final desmotivando um pouco os pilotos que não estavam em brigas diretas por posições importantes no campeonato de pilotos, construtores e nas classes. Devido a isto inclusive, a próxima edição terá 16 provas, o mesmo número de corridas dos quatro primeiros torneios da série.

O 5ºcampeonato marcou os últimos momentos das equipes
reais de F-1, que estão dando lugar á equipes virtuais.
O 5º GP2Bras também consolidou a presença de equipes virtuais do GP2. Literalmente já se prevê para a próxima edição o fim das equipes reais de Fórmula 1 disponibilizadas em carsets atualizados a cada ano. De fato, fora as tradicionais Ferrari, Mc Laren, Williams e talvez carros bonitos como a BAR 2003 ou o gato verde da Jaguar, dificilmente alguém correrá por uma Toyota ou Minardi e a espectativa é de que pelo menos 80% das equipes do 6º GP2Bras sejam equipes virtuais com
estrutura ou subsidiadas pelas gigantes do GP2 como Lotus, Maserati ou A.L.P. Racing. E não é para menos... uma rivalidade enorme surgiu no GP2Bras chegando a se alastrar por outros campeonatos como o Oval GP2 e o GP3WC entre Maserati e A.L.P. Racing e se tornou quase uma epidemia no campeonato e hoje o que todos querem é dar tudo para vencer ou pelo menos ir bem, mas carregando uma nova responsabilidade como a criação de novas equipes.
No que diz respeito ao campeonato de pilotos, o 5º GP2Bras deixou um pouco a desejar. Aliás, desde a primeira edição quando Vicente Lima Neto foi campeão o GP2Bras vive este tipo de situação. Depois de Neto, Guilherme Echelmeier foi tri-campeão de forma brilhante e até mesmo monótona... conquistando os títulos com muitas corridas de antecedência. Neste 5º GP2Bras que começou sem Guilherme esperava-se enfim o grande torneio do equilíbrio, algo que não aconteceu. Haviam quatro nomes fortíssimos prontos para abalar as estruturas! E estes nomes também carregavam o nome de suas equipes... e as equipes sim... travariam até o final do torneio a mais empolgante disputa da história do GP2Bras!

Antes do início do campeonato, Tiago Banowits era um dos
maiores favoritos ao título, correndo pela Maserati.
Na Maserati, Kevin Handley e Tiago Banowits, uma dupla de pilotos antiga... que já fez história no GP2Bras. Tiago foi duas vezes vice-campeão e Kevin já foi duas vezes campeão de construtores, uma vez com a Ferrari no 3º GP2Bras e outra com a Maserati no 4º GP2Bras. Na A.L.P. Racing, Marco Amorim, um dos pioneiros do GP2Bras mas que ainda não tinha realizado sua grande temporada correria ao lado de Jocemar Filho, um piloto bastante rápido que havia 
vencido as duas últimas corridas do campeonato anterior e já se destacava como favorito ao título. Correndo por fora, Felipe Oliveira, piloto da Ferrari apenas se preocupava em fazer o dele e ajudar seu companheiro de equipe Renato Rocha.
Quando o campeonato se iniciou as previsões caíram por terra. Amorim venceu a primeira prova, Kevin se manteve sempre bem, mas Tiago e Jocemar andaram mal... ambos com problemas para treinar não tinham como manter o melhor rendimento. Felipe Oliveira surgia como uma nova aposta para o campeonato andando sempre entre os quatro primeiros, mas sem dúvida alguma, a grande surpresa foi Diego Siqueira.

Diego Siqueira, a grande surpresa do início da temporada.
Surpresa inesperada, foi-se tão rapidamente quanto surgiu.
Siqueira, que na estréia em Jacarepaguá ficou a milésimos de Amorim, venceu as três corridas seguintes deixando todos realmente assustados. Ele tinha tudo para seguir rumo ao inesperado título, mas assim como surgiu do nada como favorito nas primeiras corridas, desapareceu já na sexta etapa na Áustria... Diego também não teve sorte, com problemas externos teve de abandonar o campeonato, mas deixou seu recado... não há favoritos em algo que ainda não começou...
Com a saída de Diego Siqueira, o caminho estava livre para Marco Amorim iniciar a sua grande jornada rumo ao título, mas um novo perigo surgia... Guilherme Echelmeier estava de volta. Com poucas corridas na F-3000 já estava na F-1 do GP2Bras, correu o GP da Áustria pela Audi no lugar de Rafael Delazari que também abandonou o campeonato e foi segundo, mas já no GP de Mônaco ocupou o lugar de Kevin Handley que abandonou o campeonato alegando estar desmotivado. Naquela altura a Lamborghini já era líder dos construtores, mas agora a Maserati poderia tirar a diferença. 

Guilherme Echelmeier retornou ao campeonato, e começou á
assustar ao renascerem as chances da Maserati.
E assim aconteceu... Guilherme venceu duas corridas seguidas diminuindo a diferença, mas Amorim sempre indo ao pódio se mantinha como favoritíssimo ao título de pilotos. Jocemar Filho começava a ir melhor, mas Tiago Banowits também começou a andar bem e a disputa ia ficando cada vez mais emocionante. Na França Amorim venceu e Guilherme e Tiago não foram bem... mesmo sem Jocemar que não correu a Lamborghini conseguiu ampliar um pouco a vantagem,
mas naquela corrida a maior surpresa foi Renato Rocha que chegou em segundo. O "Mineirinho" fez bonito... Felipe Oliveira, também mineiro, mantinha uma boa regularidade e aos poucos a Ferrari representada pela dupla mais afinada do campeonato vinha chegando devagar até ultrapassar a Maserati no último terço do campeonato quando Felipe e Renato fizeram a primeira dobradinha do 5º GP2Bras em Spa Francorchamps na Bélgica. Naquela altura, Amorim já disparava na liderança e já era certo que cedo ou tarde seria campeão com 3, talvez 4 corridas de antecedência. A Maserati ia mal... Tiago Banowits também abandonou o campeonato e Guilherme Echelmeier ficou de fora de algumas corridas. Felipe Oliveira... quem diria... sem que percebessem, já era o segundo colocado no campeonato, longe de Amorim, mas dificilmente seria ameaçado por Guilherme que vinha na terceira posição.

Jocemar foi quem mais ajudou a ALP/Lambo rumo ao título,
mas em Monza, a dobradinha com Lucas Oliveira, foi vital.
Em Monza a A.L.P. Racing anunciou uma troca de pilotos na Lamborghini. Jocemar Filho, sem condições de continuar treinando deu lugar a Lucas Oliveira, recém chegado da F-3000 e que também é conhecido como um dos top-drivers do GP2Bras. Nesta corrida de Monza, foi a vez da Lamborghini fazer sua dobradinha com Amorim em primeiro e Lucas em segundo. A Ferrari se distanciava da Maserati e todos já esperavam que o campeonato terminaria em breve para pilotos e equipes.
Em Estoril, Portugal, Guilherme venceu e Amorim foi segundo e em Brands Hatch, Inglaterra, a Maserati conquistou uma importante dobradinha com uma vitória gloriosa de Kevin Handley que voltou no lugar de Banowits disposto a salvar a moral do time do tridente de prata. Amorim, por sua vez chegou em terceiro e conquistou matematicamente o já esperado título de pilotos... festa na Lamborghini que agora teria de manter a vantagem entre as equipes.

Na reta final, Kevin acelerou forte, tentou acreditar
no título de construtores para a Maserati.
Em Indianápolis uma grande surpresa... Lucca Schwab, recém promovido da F-3000, venceu a prova e esta foi a corrida em que Amorim andou mal chegando em sétimo e atrás dos pilotos da Maserati. Em Suzuka, uma nova dobradinha da Maserati que vinha em força total enquanto a Lamborghini se via em uma situação complicada já que Lucas Oliveira já não corria desde as últimas etapas... a disputa final ficava para Adelaide... Lamborghini contra Maserati! Quem venceria este último duelo?
Pista-sabão... escorregadia e odiada... muito criticada, Adelaide seria o palco desta última disputa... uma disputa entre as mais importantes equipes do GP2Bras. Maserati e A.L.P. Racing com a Lamborghini. A Maserati precisaria tirar 24 pontos... uma dobradinha seria o ideal, e torcer para que Amorim não se desse muito bem... Lucas não correria e Marco Amorim teria de assumir mais esta responsabilidade. Depois de duas semanas de espera devido ao recesso de carnaval, o resultado foi... Lamborghini, bi-campeã do GP2Bras! Amorim venceu a prova ficando milésimos a frente de Guilherme e eliminando qualquer chance da Maserati reagir. Se a Maserati conquistasse o título também seria bi-campeã, daí a importância deste título já que a Lamborghini também já havia conquistado o título de construtores no 2º GP2Bras (que 

Felipe Oliveira, um dos grandes destaques do 5ºcampeonato
além do vice-campeonato, um grande afinamento com seu
companheiro de equipe.
ainda era 2º Campeonato Ranking de GP2) antes de se associar a Audi para fundar a A.L.P. Racing.
Felipe Oliveira foi o segundo colocado entre os pilotos enquanto Guilherme Echelmeier foi o terceiro. A Maserati foi vice e a Ferrari terceira entre as equipes. Nos campeonatos de classes, muita disputa, recém chegados da F-3000 fazendo bonito dando novas espectativas para o 6º GP2Bras que contará com 56 vagas na F-1 e acolherá os demais pilotos da F-3000.
Além de toda esta batalha entre A.L.P. e Maserati que realmente tomou conta do campeonato, muita coisa aconteceu neste 5º GP2Bras. Dentro destas próprias equipes, suas outras metades acabaram ficando para trás. No caso da A.L.P., enquanto a Lamborghini disputava o título, a Audi se arrastava lá atrás com muitos problemas causados pelas entradas e saídas constantes de pilotos. Na MIR Racing, pertencente a Maserati, a situação foi um pouco melhor, mas ainda sim bem longe do quase vice alcançado no 4º GP2Bras. Outras equipes também amargaram os mesmos problemas como a Mc Laren que perdeu Diego Siqueira em uma fase incrível e a Sauber que perdeu Rodolfo Rocha, irmão de Renato Rocha, no meio da temporada. Muitos pilotos bastante competentes, mas que não sobressaíram tanto quanto os top-drivers também apareceram como Rodrigo Thiers, Leonardo Barbosa, Carlos Trindade dentre outros, pilotos que não venceram corridas mas que fizeram bonito em alguma etapas chegando entre os seis primeiros. Outros pilotos mais antigos mantiveram a escrita, este foi o caso de Marco Passamani e Rafael Pirani que desde o início do campeonato andaram de acordo com a espectativa, fazendo corridas regulares e garantindo o 4º lugar nos construtores para sua equipe Lotus. Muitos pilotos abandonaram o torneio como foi o caso de Diego Siqueira, Geferson Kern, Rafael Delazari... outros retornaram depois de algum tempo fora como Lucas Oliveira e Warlenson Belém. Teve casos de pilotos que abandonaram no início, mas retornaram, como Kevin Handley e o próprio Tiago Banowits e também tivemos a grande surpresa da F-3000 já no último quarto do torneio, com Lucca Scwab vencendo o GP dos EUA já na segunda corrida dentro da F-1 do GP2Bras. O 5º GP2Bras também marcou as curtas férias de Guilherme Echelmeier que não agüentou ficar de molho por mais de 5 corridas.

O duelo entre ALP Racing e Maserati fez pegar fogo
o campeonato em sua metade. No final, foi uma disputa
saudável entre a veterana Maserati, e a nova ALP Racing.
Este foi o 5º GP2Bras. O campeonato das adversidades... mais um piloto foi campeão com folga, mas talvez não era o piloto esperado. Outros grandes nomes se perderam pelo caminho com problemas permitindo o surgimento de figuras importantes como Felipe Oliveira e Renato Rocha. O surto de Diego Siqueira que assombrou por pouco tempo os bastidores, a chegada dos empolgados e polêmicos pilotos da F-3000, mas sem dúvida o que mais marcou no torneio foi a briga entre a 
jovem e dedicada A.L.P. Racing com seu Lamborghini e a experiente Maserati de muitos anos de vida, briga que ficou mais apimentada com a chegada sutil da dupla ferrarista de mineiros "come-quieto". O 5º GP2Bras também foi o torneio das provocações, A.L.P. Racing e Maserati se alfinetaram bastante ao longo do campeonato, mas deram um grande exemplo de desportividade sem baixar o nível, demonstrando que toda polêmica era apenas um estímulo para esta saudável rivalidade. Também houve provocações mais insólitas dentro da F-3000, alguns pilotos da categoria de acesso andaram se estranhando no final da temporada, mas tudo parece já ter sido contornado. Agora é esperar para que em abril comece o 6º GP2Bras. O que farão os nossos protagonistas desta vez? O que se espera de Maserati e A.L.P. Racing? Existe outra equipe em condições de brigar contra estes gigantes? E os pilotos? Como ficará a briga pelo título de pilotos e as subdivisões de classes? É esperar para ver... que venha o 6º GP2Bras! Que seja mais emocionante que este, com ou sem tantas variáveis, consolidando sempre o GP2Bras como o maior e mais importante campeonato de GP2 do Brasil!


Marco Antônio Amorim, enfim, Campeão do GP2Bras!
Temporada consagradora, fazendo também a campeã de construtores.
Escrito por Marco Amorim